

IRMÃOS MONFORTINOS DE SÃO GABRIEL

PE. GABRIEL DESHAYES
Este visionário missionário teve essencial papel na história dos Irmãos Monfortinos de São Gabriel. Apaixonado pela Educação (principalmente dos mais pobres e das pessoas com necessidades especiais), com grande espírito fundacional, fundou ou foi co-fundador de outras congregações masculinas e femininas. De tanto ajudar os pobres, é conhecido na França como o "Vicente de Paulo" da Bretanha.
Gabriel Deshayes nasceu em Beignon, na Bretanha, norte da França, em 4 de dezembro de 1767. Filho de camponeses, passou toda a infância neste ambiente, mas teve de alguma forma acesso aos estudos pois sabia ler e escrever bem. Ainda na infância, já se dedicava aos menos afortunados, pedindo de casa em casa alguma ajuda, não para si, mas para doar aos que mais precisavam.
Em 1782, com 15 anos entra para o Seminário Menor de Saint-Servan, dirigido pelos Padres Lazaristas, congregação fundada por São Vicente de Paulo. Seis anos mais tarde muda-se para o Seminário Maior de Saint-Méen, não muito distante do Seminário Menor, e também dirigido pelos Lazaristas.
Ainda diácono, parti para a Inglaterra, mas acaba chegando na Ilha de Jersey, no canal da mancha. O motivo: colocar-se a serviço e em comunhão com os

refugiados cristão durante o período de revolução. É ordenado padre em 4 de março de 1792.
Muito marcado pela fé na providência divina, Gabriel supera as dificuldades do período de guerra e volta para França em 1805, quando assume a Paróquia em Auray. Na paróquia, Deshayes cria várias casas de caridade para atender aos mais necessitados, restaura o hospital local (que recebia todo tipo de gente não aceito socialmente), se preocupa com os mendigos da época, com os detentos, acolhe a todos, sem distinção, com amor maternal.
Preocupa-se também com a educação das crianças que não podiam pagar tanto de sua paróquia como também de sua terra natal, Beignon. Para isto convida as Irmãs da Caridade de São Luís para ensinar gratuitamente às meninas de Auray, e os Irmãos das Escolas Cristãs para ensinar aos meninos. Mas e os jovens da área rural? Quem os iria ensinar? Deseja formar um grupo de irmãos que pudesse se ocupar de ir àos locais mais afastados para ensinar as crianças, e assim, juntamente com Jean Marie de La Mennais funda a congregação dos Irmãos da Instrução Cristã de Ploërmel. Para sua terra, encontra uma primeira dama que aspirava a vida religiosa, Michelle Guillaume, e a envia para sua ensinar às meninas de sua pequena vila. A escola é aberta em 1807 e aos poucos outras jovens se juntam ao projeto educacional. Em 1820, a Igreja de Beignon acolhe seis jovens moças que fariam a sua profissão religiosa: nascia o Instituto das Irmãs da Instrução Cristã de Santa Gilda de Bois.
Havia também pelas ruas de Auray, pessoas que não podiam ouvir, ou tinham dificuldades, e que eram tratados como estúpidos ou idiotas. Deshayes se perguntava porque estas pessoas que tinham esta enfermidade seriam privadas do conhecimento da fé, de descobrir e conhecer à Deus, de saber que Deus ama a cada um deles. Assim, em 1810 ele passou a receber dois ou três surdos-mudos para educá-los no convento que ele compraria dois anos no intuito de criar um centro educacional. Ela confia às Filhas da Sabedoria a missão de ensinar a estas crianças. Logo depois, dois Irmãos do Espírito Santo (antigo nome do ramo masculino fundado por São Luís de Montfort) viriam também para auxiliar no centro.
Não era difícil perceber que de fato Gabriel Deshayes era um padre singular, de rara inteligência e senso organizacional. Por isto, mesmo com todos estes projetos em sua paróquia e com as congregações nascentes, Gabriel Deshayes recebe uma missão ainda mais desafiadora das Filhas da Sabedoria. O ramo masculino fundado por Montfort passa por dificuldades, tem poucos padres e ainda menos irmãos (7 e 4, respectivamente), enquanto as Filhas da Sabedoria já chegavam a quase 800 Irmãs em 96 comunidades. Além disto, o Pe. Duchesne que era na época o superior das comunidades Monfortinas sofria de uma grave doença do coração e se perguntava quem poderia assumir seu lugar quando ele morresse. Numa visita ao mosteiro onde as Filhas da Sabedoria ensinavam ele ouviu das Irmãs muito sobre o tal Pe. Deshayes e pensou que seria a pessoa certa para reanimar a família monfortina, e quem sabe, assumir seu posto.
Em dezembro de 1820, Pe. Duchesne escreve uma carta ao pároco de Auray, suplicando sua ajuda nas obras monfortinas. Deshayes se questiona sobre o pedido e vai ter com seu bispo para resolver. Dele ele escuta: "Vamos! Confia-te à Deus, como já está acostumado a fazer." Em 17 de dezembro é nomeado assistente das congregações monfortinas. Quatro dias depois Pe. Duchesne escreve novamente à Gabriel pedindo que ele fosse urgentemente para a Bretanha, mas não resiste e morre antes da chegada dele.
Sob a liderança da superiora geral das Filhas da Sabedoria, Ir. Callixte, os missionários monfortinos escrevem uma carta coletiva insistindo que Pe. Deshayes venha se juntar à eles. Deshayes tinha 54 anos neste momento. Mais uma vez indo consultar o bispo, ele se questiona sobre deixar tudo em Auray para assumir uma congregação. E colocando-se inteiramente sob a Providência ele decide partir. É eleito superior geral das Congregações Monfortinas em 17 de Janeiro de 1821. Como de costume, ele se lança à renovação do espírito missionário através na restauração dos votos, do incentivo das vocações, da reestruturação das comunidades, do início de novas missões. Já em 1824, 42 novos irmãos fazem os votos, e 9 padres vem se juntar ao instituto em 1935.
Conhecedor do pensamento e da vontade inicial de Montfort, Deshayes confirma cada vez mais as duas grandes missões monfortinas do ramo masculino: as missões e a educação. De 1821 a 1830 vinte e quatro missões acontecem, no estilo de Montfort, na Vendeia, Charente, Bretanha e Anjou. Os retiros para leigos que os padres animavam também dão novo ânimo à atividade missionária. De 70 participantes até 2.000! Mas é na educação que o trabalho de Deshayes realmente frutifica. De 4 irmãos, o número sobe para 149, sendo que desdes, 135 diretamente envolvidos nas escolas que chegavam a 43, quando Deshayes morre.
Seu carinho especial pela educação dos mais pobres e dos portadores de necessidades especiais fez com que Gabriel apoiasse o querer de alguns irmãos que queriam se dedicar exclusivamente à educação e não mais auxiliar os padres nas missões! Assim, durante os últimos anos de sua vida, Gabriel Deshayes escreveu e fez aprovar pelo bispo de Luçon uma nova Regra de Vida para o novo instituto, que viria a se chamar posteriormente Irmãos da Instrução Cristã de São Gabriel. Ele quis que só fosse feito a mudança após a sua morte, em 28 de dezembro de 1841.