
Esta semana indicamos a leitura do livro de Albert Nolan – Jesus hoje: Uma espiritualidade de liberdade radical. Ela pode nos auxiliar a compreender como a proposta de liberdade dada em Jesus é séria e nos implica. Segue abaixo breve trecho do livro:
De um modo geral, quer nos denominamos cristãos, quer não, não costumamos levar Jesus a sério. Existem algumas notáveis exceções, mas, habitualmente nós não amamos os nossos inimigos, não damos a outra face, não perdoamos setenta vezes sete, não partilhamos o que temos com os pobres, não colocamos toda nossa esperança e confiança em Deus. Tentamos sempre arranjar desculpas. “Eu não sou santo”. “Isso não é para todo mundo, certo?” “É um grande ideal, mas não é muito prático para os tempos de hoje.”
A minha proposta é que aprendamos a tomar Jesus a sério, e que é precisamente nos tempos atuais que precisamos agir assim. De fato, aquilo que também precisamos tomar a sério são os tempos atuais, a nossa época. Vivemos demasiadas vezes numa espécie de mundo dos sonhos, que não toma suficientemente a sério as ameaças e desafios atuais. Há cristãos segundo os quais se pode tomar Jesus a sério sem reparar muito naquilo que está acontecendo no mundo à nossa volta. A espiritualidade de Jesus foi absolutamente contextual. Ele leu os sinais dos tempos e ensinou os seus discípulos a fazer o mesmo (Mt 16,3-4 par.). Nós tomamos Jesus a sério quando, entre outras coisas, começamos a ler os sinais de nosso tempo de forma honesta e sincera.
Ler os sinais dos tempos não é uma questão de olhar para o mudo a partir de fora, como se não fizéssemos parte dele. Nós estamos inseparavelmente integrados na sua rede de relações. É o nosso mundo e só poderemos ter qualquer tipo de espiritualidade séria inseridos no nosso mundo.
(Albert Nolan – Jesus hoje. Uma espiritualidade de liberdade radical – 4. Ed. – São Paulo: Paulinas, 2013)